sexta-feira, 30 de maio de 2008

Voltando ao Blog...depois de quase um mês de aventuras!

Esta semana voltei ao Brasil com o mochilão vivencial e espiritual cheio de coisas pra contar. Ainda estou me readaptando ao cotidiano normal, ou mais ou menos normal...ainda há coisas minhas que não lembro onde estão, ainda há alguns compromissos meus que não lembro direito os horários, ainda não consegui botar o apartamento em ordem e ainda sonho à noite que estou no Peru. Estou na fase dos "ainda". Porém, pouco a pouco vou "mudando de canal".
Minha vontade era que todos os amigos e familiares brasileiros estivessem comigo na viagem para vivenciarem as mesmas experiências que eu. Como isso não é possível, procurarei compartilhar com todo mundo aqui alguns fatos e percepções.
Pra início de conversa, escreverei rapidamente sobre um sentimento que ficou ainda mais forte em mim, depois de estar com primos e tios peruanos e de participar de um evento no Panamá onde revi alguns amigos e fiz novos, de várias nacionalidades. A língua, os costumes, a cultura, podem ser diferentes, mas é justamente nessa riqueza da diversidade que a gente pode ter a possibilidade de aprender muito e se sentir ainda mais humano. Penso como as rivalidades históricas, os preconceitos e as implicâncias podem se tornar tão pequeninos diante da beleza e riqueza da diversidade. Recordo com carinho como, num dos jantares do Encontro da Rede Latinoamericana e Caribenha de Jovens Comunicadores no Panamá, numa mesa com gente de vários países, a gente comentava sobre as diferentes palavras usadas em cada país para "feijão": frijoles, fríjoles, poroto, feijão...sobre as usadas para "caneta": pluma, lapicero, esfero, bolígrafo, caneta...e assim por diante. Como é gostoso aprender na diversidade! Acredito que uma das bases para a tão falada e abstrata PAZ está justamente aí...

Foto: Colegas de Costa Rica, Equador e eu. Quem bateu a foto, infelizmente, não me lembro...

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Lá, Como Cá - ou "Allá, Como Acá" (1)

Como primeiro caso, vamos tomar nosso grave problema com mortes no trânsito: precisamos, claro, melhorar nossa malha viária, nossa sinalização, e principalmente nossos motoristas (todos nós, não só "os outros" motoristas). Nos feriados prolongados, como o do Dia do Trabalho, essa violência se faz notar mais, mas vejam só que interessante:

  • Na Espanha, um país do tamanho de Minas Gerais, houve, até à meia-noite de Domingo, dia 04 de maio, um total de 39 mortes nas estradas (link), sendo que ano passado chegaram a 42!

  • Em Minas, nosso estado com a maior malha viária e com as piores estatísticas de acidentes de trânsito, foram registradas 27 mortes neste feriadão... (link)




Percebam ainda o tom dado em cada uma das matérias. A espanhola informa, a brasileira deprime, buscando os piores números e adjetivos possíveis!

Agora, analisando friamente, será que nosso cenário é realmente o pior dos piores?! Respondendo logicamente: não!

E eles tem veículos melhores, rodovias (muuuito) melhores, um povo com um nível melhor de escolaridade... Quais serão então as possíveis outras causas de tantas morte? Onde nós, e eles, estamos errando?

Como fica patente nesta comparação, não é nosso terceiro-mundismo o único nem o principal responsável por nossa tragédia, como gostam de apregoar os simplistas urubulinos da mídia. Seria preciso analisar mais, pesquisar mais, pensar mais sobre isso, só que aí ficaria muito chato prá eles! Não têm tempo (ou seria capacidade?!) para tanto...

Crédito da foto: montagem feita por mim com imagens de uma estrada brasileira e outra espanhola, sobrepostas às respectivas bandeiras

domingo, 4 de maio de 2008

Série "Lá, Como Cá"



Amig@s da Esquina da Sil,

Enquanto a Silvana está em seu giro por esta América Latina sofrida mas maravilhosa, em busca de realizações pessoais e profissionas (e de umas "pechinchas" no Panamá, porque ninguém é de ferro, eh eh!), aproveito para iniciar uma série de posts relacionados a um assunto sobre o qual eu e ela conversamos muito: o desprezo que temos, ou que tentam fazer com que tenhamos, por nós mesmos!

Juro que não entendo o motivo dessa depreciação contumaz pela qual passamos! Temos certamente muito o que melhorar, em várias áreas e aspectos da vida em sociedade, mas nos colocar como os piores, ou entre os piores do mundo, quando se quer falar de alguma mazela que temos, em nada ajuda a corrigir o problema, muito pelo contrário, só enfraquece àqueles que têm vontade de lutar para melhorar, e alimenta a maldita muleta que os acomodados adoram: "é, esse país é assim mesmo, e não vai mudar nunca, portanto não adianta fazer nada...".

Esquecem de falar das coisas boas que temos (não dá ibope!), e quando falam das más, fazem questão de não buscar comparações com outros países ditos desenvolvidos, porque isso tiraria a gravidade da desgraça (e reduziria o ibope...).

É óbvio que precisamos falar de nossos problemas, mas é necessário mostrá-los em um contexto maior, caracterizar essas situações como parte de processos sociais complexos! E que ocorrem em todo o mundo! Esses processos se desenvolvem no tempo, com maior ou menor (ou nula, às vezes) velocidade, com gerenciamento dos governos, mas com a participação fundamental das pessoas!

O desânimo que o desgracismo provoca nos abate de tal forma que fica difícil quebrar a inércia do conformismo. Uma comparação do desenrolar de nossos processos com o de outros países, uns melhores, outros piores, facilitaria muito às pessoas identificar os atores de cada processo, perceber até onde o governo pode e deve ir, e em quais momentos o povo precisa atuar para alcançar e consolidar as melhorias desejadas!

Mas vamos ao que interessa! Não tenho aqui a intenção de fazer esses paralelos, muito complexos para serem tratados em um blog despretencioso, mas apenas mostrar situações que aqui no Brasil são consideradas "o fim do mundo", só que ocorrem de forma igual ou pior em outras partes, entretanto isso não é mencionado porque atrapalharia o raciocínio(?!) baixo-astral da mídia...

Nos próximos posts vamos comparar algumas situações. Se quiserem sugerir temas, estejam à vontade!