
Estava friozinho e, em meio ao meu exercício de apreciação antropológica, estética e musical, a natureza me chamou. Entrei no banheiro. Entrei porém não conseguia sair: havia um problema na fechadura. Tentei forçar de um jeito, forçar de outro, e nada. Do lado de fora, uma garota percebeu minha dificuldade e perguntou para confirmar: "Você tá trancada aí?". Respondi: "Estou!" Escutei do outro lado da porta um "Espere aí". Segundos depois, ela sobe pelo banheiro do lado e tenta mexer na tranca. Nada. Aí ela deu a idéia: "Olha, o jeito vai ser você sair pelo outro banheiro, você dá conta de subir?"
Confesso que me deu um medinho, mas como não havia outro jeito, lá fui eu. Meti os pés no vaso sanitário fechado e, com a ajuda da garota, fiz alguns movimentos mais difíceis para chegar ao topo da parede. De lá, olhei para baixo e pensei: "Ai, meu Deus, o que estou fazendo aqui? Eu me meto em cada uma....". É, literalmente me meto em cada uma...Eu, com meus 1,79m de altura, estava me sentindo levemente entalada entre o teto dos banheiros e a paredinha que separava um de outro. E o rock comendo solto lá fora, servindo como fundo musical dessa comédia da vida real (eita, até rimou). Outra garota disse, com os braços abertos: "Vem que eu ajudo você a descer...". Avisei: "Olha, você tem certeza?", preocupada com meu peso. Mas ela parecia segura: "É fácil, pode vir". Desci então com seu auxílio, foi bem rápido.
Agradeci às duas moças que, na verdade, foram meus anjos da guarda naquela situação: um anjo me ajudou a subir a parede do banheiro, o outro a descer. Anjos da guarda do rock.
Foto: na verdade, fiz essa foto com dois colegas equatorianos e não tem nada a ver com a história acima. Nem sei se eles tem tendências roqueiras, mas como tem cabelos compridos, achei que fosse ficar bonito colocar aqui. Meu momento Non-sense...