domingo, 29 de junho de 2008

Eu sou a "mayor", porém ele é o maior

Essas narrativas "besourais" me fizeram lembrar de um episódio bem curioso idiomaticamente. O Alex tentou literalmente forçar uma relação mais próxima e amistosa entre eu e o bichão, pegando firme nos meus braços e me empurrando para perto da mesa onde o super besouro estava. Uma sacanagem, pois esse primo, embora mais novo, é mais alto que eu e também mais forte. Danada da vida, grito, em português mesmo: "Assim não vale, assim não vale, você é maior que eu!" Porém, ele responde em castelhano: " No, no, tu eres la mayor!"*

Crédito da foto: eu mesma.

*Maior: mais alto. Mayor: mais velho.

sábado, 28 de junho de 2008

Garage Sale 70% de desconto: cara de pau!

Outro dia, eu e Humberto ficamos embasbacados...fomos conferir o que dizia a propaganda de TV de um shopping daqui de Brasília: "Garage Sale 70% de desconto". Fiquei desconfiada logo de cara. Quando chegamos lá, vimos muitas coisas do tipo: "Sofá: de 9.000 reais por 1.850".
Pergunto-me: como é que essa gente tem a cara de pau de fazer uma coisa dessas?

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Besourão gigante: adeus às gaiolas e bolsas de moças escandalosas!



Em resposta ao comentário da Su de Sampa sobre meu post anterior: Su, fique tranqüila...o besouro foi devolvido à floresta no dia seguinte, são e salvo, apesar de ele ter corrido o risco de ser "assassinado" por mim, mas sem querer... posso não ser lá muito simpática a insetos, sobretudo os tamanho King Size, mas eu não mato nem mosca, quanto mais um besourão respeitável daqueles.

No dia seguinte, acordei, saí do quarto que estava a poucos passos da gaiolinha do bichão e ainda dei uma olhadinha de "bom dia" ao dito cujo. Parecia bem tranqüilo, o danado. Um tempinho depois, naquela manhã, havia cinco ou seis pessoas em torno do escaravelho. Era um tal de examinar sua couraça, suas patinhas, virar o besouro de costas, de barriga, usá-lo um pouco como broche na roupa (vejam na foto a audácia de minha tia Yola!)...o bicho já estava virando o divertimento da galera. Mas percebia que tudo era feito com muito carinho, sem machucá-lo.

Enquanto isso, pensava quão urbana sou...e refletia como meus amazônicos tios e primos manejavam com naturalidade aquele ser cascudo. Cheguei a sentir uma pontinha de inveja até. Eu juro que tentei ao menos botar um dedo nas costas do bicho, mas não consegui desta vez. Quem sabe, numa próxima....

Dali a pouco, iríamos todos para a chácara de uma das tias. Peguei minha bolsa e fui me juntar ao grupão. Porém, alguém me alertou sobre alguma coisa estranha pendurada dela. Quando olhei para baixo, quase tive um troço...o besourão estava pendurado em minha bolsa!!! Dei uns gritos histéricos que, creio, foram ouvidos até lá na fronteira com o Acre. Para acompanhar minha performance sonora, ainda joguei sem pensar e de imediato a bolsa no chão, com máquina fotográfica, super-besouro e tudo...

Depois desses segundos de terror e pânico, enquanto tentava me recompor, ia ao mesmo tempo preparando o chinelo. Não para matar meu "pingente gigante de bolsa", que escapou são e salvo da queda brusca de seu "suporte temporário" no chão, mas para correr atrás do primo Alex...porém, a tempo, escuto uma das tias avisar: "Fue Tio Mañuco, fue Tio Mañuco!!!".

Quanto ao cascudão, adeus gaiolas e bolsas de moças escandalosas! Ele foi levado gentilmente de volta à floresta, onde voltou a encontrar paz e tranqüilidade. Quanto ao tio, como é mais velho que eu, respeitei sua travessura. Quanto ao primo, suspeito que ele tenha ajudado a arquitetar o plano maquiavélico com meu tio. Porém, na dúvida, resolvi não realizar mais uma fase do campeonato de "Arremesso de Chinelos em Primos".

Crédito das fotos: eu mesma. O tio da foto foi o que grudou o bicho na minha bolsa.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

O besourão não abre a portinha da gaiola...mas primos e tios sim!


Sei lá como esse "monstruo terrible" apareceu na casa de meus tios. Alguém disse que ele pode ter vindo num vaso grande cheio de terra que estava perto dos quartos. Outro comentou que ele pode ter chegado voando (credo, isso tem asa? Recebi mais informação do que eu precisava...). O Alex, um de meus primos, começou a inventar uma história até bonitinha para crianças, dizendo que o escarabejo resolveu sair de seu habitat, a selva, para passear na cidade e, para isso, pegou um motocarro* para chegar lá. Qualquer dia desses, eu invento o restante da historinha e posto aqui no blog...

Bom, na verdade, não me interessava a forma com a qual ele chegou lá. Eu gostaria de saber é como o bichão iria sair dali. Alex, muito calmamente, pega com a mão aquele bicho grandão e o coloca gentilmente numa gaiola tipo de passarinho. Explica que no dia seguinte o devolveria à selva. Eu, inconformada e assustada, pergunto: "Mañana?! Entonces ese "monstruo terrible" va a quedarse en esta jaulita a pocos pasos de la habitación donde voy a dormir???!!!! Noooooo...."

Ele, com aquela calma danada que já estava me deixando levemente irritada, disse que o bicho não sabia abrir a portinha da gaiola e eu poderia dormir tranquila. É verdade...o escarabejo não tinha "aparato" suficiente para tal ato....mas os primos e tios sim!

Aguardem a continuação deste post....


Crédito da foto: eu mesma. Acho que a foto saiu meio desfocada porque eu estava com medo do "monstruo"...


*Motocarro: é um veículo muito usado no interior do Peru (se bem que em algumas partes da capital, Lima, a gente também encontra isso). Consiste em uma moto que "puxa" uma espécie de "cabina" atrás, onde podem ir sentadas duas ou três pessoas.


quarta-feira, 25 de junho de 2008

Aguardem a história do "Monstruo" amazônico!

Esta semana estou morrendo de preguiça de escrever. Porém, prometo para amanhã contar sobre essa "visita" indesejada que apareceu na casa de meus tios em Aguaytia e me fez "pagar mico". Por ora, vejam o tamanho desse escaravelho...bem, para minha família, era um bonito escarabejo. Para mim, um "Monstruo terrible".
Ótimo foi mostrar a foto para meus pais, irmãs e alguns amigos. Os comentários gerais foram do tipo: "Que coisa horrível!". Porém, minha irmã caçula, a Ju, foi a mais original. Ela me perguntou: "Que legal esse besouro, tem dele azul?"

Crédito da foto: eu mesma.

domingo, 22 de junho de 2008

Uma galinha num banheiro em Pirenópolis

Bom, vou parar um pouco com as narrativas envolvendo o soroche, senão daqui a pouco vai ter gente vomitando em cima dos teclados...

Ontem fomos a um casamento perto de Anápolis(GO). Como o sol estava bem quente, resolvemos, depois do casório, ir a uma das cachoeiras de Pirenópolis. Lá chegando, fomos ao banheiro para trocar de roupa. Ao entrar lá, vejo o que penso ser uma bela peça de artesanato da região em cima da mesinha. Porém, para minha estranheza, a "bela peça de artesanato" resolve mover sua cabecinha na minha direção. Era uma galinha vivaaaaa!

Penso: "quem a colocou aqui???". Porém, olhando para fora do banheiro, veio logo a resposta. Os banheiros dessa cachoeira ficam no terreiro de uma espécie de sítio. E logo ali, no terreiro, dezenas de seres daquela mesma espécie ficam alegremente soltos, passeando e ciscando. Como a porta daquele banheiro estava continuamente aberta, nada mais natural (para elas) que, de vez em quando, aproveitassem a gostosa sombra do recinto.

Depois de ter trocado minha roupa, saí do banheiro e fui esperar Humberto. Dali a pouco, vejo umas mocinhas entrando no "banheiro da galinha". Em minutos, uma delas avisa a um senhor: "Moço, a galinha botou um ovo lá no banheiro". Na volta do banho de cachoeira, voltei ao mesmo lugar. A galinha já não estava mais lá. Porém, o tal ovo sim, na mesa, ao lado de um rolo de papel higiênico.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

"Afogando-se" com a escassez de oxigênio




Tivemos muita sorte na estrada, pois ficamos paradas por, no máximo, uma hora e meia ou duas horas, creio eu, por conta da greve dos mineiros (acima, fotos dos veículos parados na estrada). Assim que prosseguimos a viagem, fiquei dividida entre tirar um cochilo ou ficar olhando a paisagem pela janela. Na verdade, com o passar do tempo, vi que essa dúvida não era assim tão atroz porque conseguia fazer "mini-siestas" de uns dois minutos, no máximo. O soroche leve não me deixava ter um sono mais longo e a respiração estava difícil...no princípio, a sensação que me dá é de alguma aflição. Há pessoas que se afogam com excesso de água, eu sinto que começo a me afogar na escassez de oxigênio: estranha contradição!

Quando vem isso, costumo ficar o mais quieta possível e dizer para mim mesmo várias vezes: "Calma, respira suavecito, suavecito..." . Pena que eu estava sem folhas de coca para mascar, isso me ajuda muito. Pelo menos, trazia sempre em minha bolsa o mentol chino* para passar no nariz, que já aliviava um pouco. Em alguns ônibus, as rodomoças fornecem a quem quiser pequenos pedaços de algodão embebidos em álcool, coisa que também pode ajudar.

Na estrada paramos a quase quatro mil metros. Para meu espanto, depois, a estrada só ia subindo mais, subindo mais...pensava: "Meu Deus, onde vamos parar assim? No céu, pra te visitar?". Lembro-me que, em certo momento, perguntei ao taxista a altitude de onde estávamos, já desconfiada da resposta. Era o que eu temia: estávamos a quase 5000 metros! O mais alto que eu já havia chegado antes era no aeroporto de La Paz, na Bolívia, que fica na cidade-bairro de El Alto (4000 metros de altitude), onde desembarquei com a sensação de ter tomado um monte de caipirinhas. Imaginem então como eu estava ali nas proximidades de Tríclio, no Peru...acho que o ar rarefeito dá barato!

Grandes altitudes, sol forte e vento gelado
Outro dia, um amigo meu do Rio de Janeiro comentou que os lugares na Terra com grandes altitudes são os melhores para se fazer meditação. Começo a acreditar nessa afirmação, pois nosso organismo funciona de maneira bem diferente naquelas montanhas enormes. Você, mesmo que não queira, começa a funcionar num ritmo bem mais lento por conta do ar rarefeito. O metabolismo se altera. E naquela região, além das alturas, a estranha combinação de sol forte e temperatura baixa, vento gelado, já requer de você um certo cuidado.

Mesmo assim, recomendo a quem nunca foi que experimente um dia (ou melhor, vários dias) conhecer as cordilheiras ou, pelo menos, passar por elas**. O sofrimento vale a pena. As paisagens são lindíssimas, as fotos ou vídeos não conseguem retratar com fidelidade a beleza do lugar. Dá vontade mesmo de chegar ao cume de uma daquelas super montanhas para meditar.

* Mentol Chino é uma espécie de "Vick Vaporub" chinês. A gente costuma encontrar esse produto em algumas lojas orientais.
** Recomendo a quem pretende ir pela primeira vez às cordilheiras, ou à Serra, como chamam os peruanos, que antes procure um médico para checar seu aparelho respiratório, por segurança. Aqui em casa, curiosamente, Humberto é asmático e eu tenho um troço chamado "Distúrbio Ventilatório leve" ou coisa parecida (o nome da coisa é longo, falta mais um termo aí que nunca lembro). A grosso modo, seria algo mais suave que a asma. Porém, dois anos atrás, Humberto conseguiu lidar melhor com a altitude do que eu...Isso para vocês terem idéia de como cada organismo reage diferente lá...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

E por falar em batatas com ovo...


Continuando a narrativa do post anterior, havia citado a venda de batatas com ovo no meio da estrada. Foi o nosso almoço simples e gostoso naquele dia de greve dos mineiros na estrada: batatas e ovos cozidos, com direito ao ají, um tipo de pimenta saborosa e com muitas variedades, uma das coisas de lá que mais sinto falta aqui, na hora de comer. Na foto acima, uma de minhas tias está comprando da moça as "porções" que eram cuidadosamente embaladas naqueles saquinhos plásticos. Na foto mais acima ainda, lá estou eu comendo "papa con huevo", ao lado da estrada. O que estava fazendo comendo e andando ao mesmo tempo? Sei lá, não me lembro. Mesmo com um pouco de soroche e comendo, parece que minha inquietude falava mais alto... até me esqueci da necessidade de balões de oxigênio...

Aproveitando o post, para quem tem interesse no assunto, o Peru é o país com maior número de espécies de batata. Em Lima há o Centro Internacional de la Papa, quem quiser conhecer um pouco desse centro de pesquisas é só clicar no link indicado.

Crédito das fotos: a de cima, eu mesma. A mais de cima ainda, Tia Chabela.

terça-feira, 17 de junho de 2008

De novo com Soroche


Voltando às narrativas de viagem, olho para essa foto aí acima na qual estou toda sorridente e feliz. Acho graça desse sorriso, pois já estava começando a sentir os efeitos do soroche* mais uma vez e, na verdade, já queria disfarçar o mal estar...

Um dia antes de partir para Lima, meu pai resolve me mostrar um mapa do Peru para eu ver o trajeto que faria, via terrestre, entre aquela cidade e Aguaytia, que fica mais ou menos a umas duas horas antes de Pucallpa, já perto da fronteira com o Brasil, pelo estado do Acre. Eu, ingenuamente e alheia às geografias, achava que, desta vez, não passaria pela Cordilheira e estaria livre do soroche...que esperança...ao olhar o mapa, deparei-me com uma baita cordilheira no caminho por onde iria passar. Pensei: "Ih, vai começar tudo de novo..." (amo as grandes alturas, mas sempre passo mal com isso). Pelo menos, desta vez, foi uma passagem rápida pela região peruana mais próxima do céu.

Rápida apesar da parada que eu, minhas tias e centenas de outras pessoas tivemos que dar na estrada por causa de uma greve de mineiros. Algumas pessoas nos informavam ("No hay pase, señoras!") que a partir de determinado ponto, ninguém poderia passar, pois alguns grevistas estavam atirando pedras dos altos das montanhas para atingir a quem ousasse fazer isso. Credo! Uma das tias brincou dizendo: "Isso tudo faz parte da viagem que planejamos, ahahahha". Ficamos na expectativa de saber quando a estrada seria reaberta. Aquilo poderia tanto durar mais uma hora, como várias horas, talvez até dias (!!!). E eu ali, começando a ficar "sorochada": meu reino por um balão de oxigênio...ah, se vendessem isso na estrada como vendiam batatas com ovo, refrigerantes, e outras coisas mais....


Crédito da foto: Tia Chabela.

* Soroche é o mal das alturas, que acomete muitas pessoas que vão viajar a grandes altitudes. Alguns sintomas são dor de cabeça, falta de ar, tonteira, enjôo. A intensidade pode variar de pessoa para pessoa. Em algumas farmácias, vendem um comprimido chamado "Sorochi Pills". Para algumas pessoas funciona, para outras não, como é o meu caso. Para mim, mascar folhas de coca e tomar seu chazinho ajuda um bocado a lidar com esses efeitos.