segunda-feira, 27 de junho de 2011

Não sei quem tremia mais: o avião ou eu?!

De Santiago, Chile

Fiquei muitos dias sem escrever, por conta de tarefas a serem realizadas antes da viagem. Agora, volto à carga (ou à descarga?!) aqui de Santiago do Chile, cidade a qual chegamos uma da madrugada, depois do voo mais turbulento de nossas vidas. Não, não é apenas maneira de falar...realmente o negócio foi bem bravo, fiquei até com vontade de "pegar o piloto na saída"...puxa vida, com tanta tecnologia hoje em dia, bem que ele poderia ter feito desvio de rota pra escapar daquele festival de malabarismos aeronáuticos a não sei mais quantos quilômetros de altura. Bom, sou leiga no assunto, mas fica aí meu desabafo. Afinal, não sabia quem tremia mais: se eu ou o próprio avião. Pra piorar as coisas, teve um momento específico que olhei para Humberto e o coitado estava com uma cara de medo de dar dó. Logo ele, que costuma ser mil vezes mais corajoso do que eu....um garotinho que sentava à nossa frente chegou a vomitar. Dava para sentir no ar uma tensão bastante pesada: é incrível a energia do pânico coletivo e dos gritos silenciosos.

A aeronave chacoalhava da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, de cima para baixo e de baixo para cima. Perdemos a noção de quanto tempo durou essa parte pior das turbulências: quarenta minutos? Uma hora? Só sei que foi no sobrevoo sobre o estado do Paraná porque a coisa começou a ficar bem feia depois que o piloto anunciou que estávamos passando bem perto de Curitiba. Depois que passou tudo, veio uma calmaria tão boa que às vezes, desconfiava, pensava: será que o mau tempo vai voltar novamente? Mais ou menos uma hora antes de chegar a Santiago, não é que apareceram de novo algumas turbulências? Não tão fortes quanto as primeiras, mas eram chatinhas. No entanto, como via aeromoças andando pelo corredor distribuindo aos passageiros os formulários a serem preenchidos e entregues no momento de carimbar os passaportes no aeroporto, provavelmente aquelas eram turbulências "normais" do percurso. Menos mal. Eu torcia fervorosamente pra gente sobrevoar logo a Cordilheira dos Andes por dois motivos: porque Santiago fica ao lado de parte delas e porque, da primeira vez que estivemos no Chile, em 2008, quando o avião começou a sobrevoa-las, a turbulência passou como que por encanto, e o voo ficou macio, gostoso. Era de noite, mas eu buscava sofregamente com o olhar, pela janelinha do avião, a imensidão branca, em busca da paz...

Dito e feito: quando chegamos em cima das montanhas geladas, a tão esperada calmaria. E, em alguns minutos, aterrissamos na tão esperada Santiago. Ao sair do aeroporto, eu estava ainda tão quente de nervoso que nem cheguei a sentir a temperatura de zero grau que fazia aquela hora. Fui senti-la já dentro do quarto do hostal, mas nada que o aquecedor não pudesse resolver.

Agora digito essas linhas de meu netbook, deitada na cama, embaixo do edredon, feliz e tranquila: pra compensar uma noite terrível, o dia hoje foi ótimo: céu super azul, com sol, friozão gostoso e muitos passeios pra alegrar o coração e o espírito. Pouco a pouco vou compartilhando nossas experiências de viagem aqui com vocês.

3 comentários:

sandra disse...

Cruzes!Acho q eu voltaria de ônibus...

sandra disse...

mas com certeza a viagem vai compensar...vai postando as fotos!

Anonimous disse...

Sil,
Olha eu por aqui de novo...
O seguinte, posso dizer para você que, como piloto, quanto mais perto dos Pólos, mais complicadas são as condições de vôo. Nesta época, com as frentes frias sendo barradas aqui perto de SP, impedindo que elas saiam de cima do PR, SC e RS, é comum tais turbulências.
A dica é: se puder escolher um avião maior, vai balançar um pouco menos (tem umas frentes que balançam Jumbo, 777 e A340 de mais de 400 toneladas). Procure voar mais no meio da ave.
Repare no seguinte: se as comissárias estiverem andando pelos corredores, fique tranquila. Se elas desaparecerem e os cintos estiverem com sinal de ligado, e o vôo já estiver em cruzeiro, respire fundo porque aí vem pauleira.
Mas, pra tranquilizar: turbulência não derruba avião. Eles suportam 3G (ou seja, balanços que podem ultrapassar a 1200 toneladas).

Um abração pra ti e pro mineiro de copiapó frustrado Humberto