Agora, estou escrevendo do quarto do hostal onde estamos. Guardarei o texto num arquivo para "despejá-lo" no blog na próxima vez que passarmos em uma lan house ou que dermos a sorte de acharmos alguma Wi-fi dando sopa. Estou aproveitando um momento de intenso cansaço físico para botar em dia por escrito algumas de nossas aventuras.
A causa desse cansaço extremo foi que me "obrigaram" a subir duas montanhas hoje,logo no dia de meu aniversário. Paguei todos os meus pecados já cometidos e também, por antecipação, mais alguns que cometerei, tal o sacrifício. Para quem acha que estou exagerando, lembro que estamos a mais ou menos 3.800 metros de altitude e tanto eu como Humberto e Rui ainda estamos nos readaptando a essa condição geográfica e aos poucos nossos organismos estão deixando os sintomas do Soroche (mal das alturas) que nos incomodava desde Arequipa, no Peru, cidade com 2000 e poucos metros.Chegamos aqui com dores de cabeça e falta de ar. E eu ainda com náuseas e dor no ouvido esquerdo. Enquanto subíamos uma ladeira com os mochilões e mochilas para chegar ao Hostal, pensava que ia vomitar. Mas enfim, resisti bravamente. Quando chegamos aqui, me senti como um andarilho do deserto que vê um oásis: tirei às pressas o mochilão das costas e a mochila do peito, corri pegar uma caneca com chá de coca e me espalhei num dos sofás.
Enquanto Humberto e Rui pegavam as chaves dos quartos eu tomava com sofreguidão aquele chá como se fosse a coisa mais gostosa do mundo. O chá de coca ajuda a amenizar os sintomas do Soroche e do cansaço, o gosto não é lá essas coisas, mas seus efeitos são uma beleza. Quando terminei a primeira caneca, enchi uma segunda, sem dó nem piedade,mandei ver mesmo.No dia seguinte, por garantia, ainda comprei na farmácia o Soroche Pills, um comprimido que também promete amenizar os efeitos da altitude.
Sinceramente, achei que não seria capaz de subir as montanhas. Quando terminamos essas nossas travessuras de hoje e já estávamos de novo lá embaixo, quase não acreditei quando olhei para cima e vi a distância que percorremos tanto nas subidas como dentro da cidade, de uma montanha a outra. Para vocês terem uma idéia, subir uma simples ladeira da cidade já é cansativo. Imaginem ousar escaladas!Agora estou pensando de onde a gente tira tanta força para fazer essas estrepolias, mesmo com asma e problemas afins...
Isso ainda não descobri. Só sei que tenho muito carinho para com essa cidadezinha aqui da Bolívia. A grande pobreza material de seus habitantes contrasta com a magnífica riqueza cultural deste pueblito e de suas belezas naturais. Andamos por várias ruas de Copacabana observando o cotidiano de seu povo. Passaria horas a fio fazendo isso. Confesso que me encanta demais estar caminhando pelas mesmas calles que as cholas com seu modo de vestir peculiar (grandes saias, chapeuzinhos, mantas e longas tranças negras). Me encantam também as criancinhas de pele morena que mais parecem bonequinhas de tão encapotadas por conta do frio. Olho para a boa gente de Copacabana e fico a torcer e a rezar para que, com o passar do tempo, tenham uma vida melhor, menos sofrida e mais digna.
Quanto ao episódio em si de subida das montanhas, houve um fato ultra pitoresco no final que vou deixar para o Rui escrever. Aguardem!
PS: Escrito em Copacabana, Bolívia, em 20/06 e postado em 21/06 em La Paz, Bolívia.
Um comentário:
Fiquei com falta de ar e tontura só de ler.... risos.... Brincadeiras a parte, imagino q deva estar muito gostoso o passeio... Divirtam-se e cheguem sãos ao Brasil... :-)
Beijos
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