segunda-feira, 4 de junho de 2007

Você é a favor ou contra jogos acima de 2500 metros de altura?



Vocês são a favor ou contra a proibição da FIFA na realização de partidas de futebol a mais de 2500 metros de altitude? Eu, a princípio, sou a favor. Com altitude não se brinca. Fiquei com pena dos jogadores do Flamengo na partida contra o Real Potosí, meses atrás...acho que todos os jogadores deveriam ter igualdade de condições para competir.
Porém, Humberto, que é contra a decisão da Fifa, lembrou-me de um detalhe: se é para os jogadores terem igualdade de condições, como fazer quando os atletas de cidades andinas tiverem que jogar, por exemplo, no calor horroroso de 40 graus do Rio de Janeiro? A proibição de jogos entre times de diferentes países terá que se estender então para a questão da temperatura também? Chi, a coisa é muito mais complicada que eu imaginava...
Bem, não gosto de futebol e o único exercício físico que gosto de fazer é a caminhada. Mas, se tivesse que escolher entre caminhar a 4000 metros no frio e caminhar a nível do mar a 40 graus (nem precisa tanto, pra mim 27 graus já tá quente demais), eu escolheria sem titubear a primeira opção, mesmo com soroche* (aliás, já escolhi e fiz isso em 2006, ehehhe). Nas grandes alturas, mascar folha de coca e também tomar seu chá ajudam pra caramba. E, pelo menos no meu caso, absolutamente nada me alivia do desconforto do calor excessivo enquanto estou caminhando.

O que vocês acham da decisão da Fifa?

PS: Soroche* é o mal das alturas.

PS 2: A foto é da Agência France Press (AFP), foi veiculada também no site do Globo Esporte.


9 comentários:

Eyes in the sky disse...

Sil,
Sou contra jogar nessas alturas, porque as temperaturas extremas e a altitude são conceitos biologicamente muito diversos.
Explico: como piloto de avião aprendi que os efeitos da altitude são muito mais perigosos que o calor ou frio extremo. Toda aeronave, mesmo pressurizada, tem a pressão interna alterada, para algo como mais ou menos 5000 Ft (algo como 1600 metros). E todos sabem o que isso significa nos passageiros - ar mais rarefeito, seco, sendo comum pessoas terem acessos de sangramento nasal, cáries ou problemas dentais serem agravados, etc.
Por isso que, em caso de despressurização anormal, caem máscaras de oxigênio do teto dos aviões, não equipamentos pra o frio (rsrs).
Bem, quanto a temperaturas extremas, o ser humano facilmente pode suportar mais de 30 graus, ou zero graus, e seu rendimento no esporte não ser essencialmente alterado.
O que poderia ser feito é impedir partidas acima de 35 graus e abaixo de zero. Mas e o público que já pagou o ingresso, como fica?
Agora, que a altitude é na verdade uma arma de times bolivianos e equatorianos, isso é.

Silvana Isabel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Legal ter aqui uma explicação mais esclarecedora sobre a questão, Marcelo, valeu. Você viu o Evo Morales jogando futebol em Chacaltaya a mais de 5000 metros? Puxa, assim já é humilhação pra gente, ahahahahha. Sem dúvida os andinos ficam numa vantagem doida jogando em lugares altos.
Agora, como eu sou esquisita mesmo aos olhos de muitas pessoas, o que escrevi em meu post é a mais pura verdade: prefiro caminhar em 4000 metros no frio do que a nível do mar no calor. Aliás, com calor, eu prefiro nem caminhar... pro meu organismo é melhor dormir mesmo, ehehhe.

YARAH-TINHA disse...

Eu sou contra a proibição um time que quer ser campeão da libertadores tem que enfrentar todas as adversidades além do mais eles tem todo suporte médico.

Anônimo disse...

Buenas, sou a favor da proibição, embora ache o assunto tremendamente complexo. Mas, se para o calor/frio se encontram lenitivos (interromper o jogo para tomar uma agua/colocar um agasalho...), para a altura, não existe isso. A não ser que os jogadores vivam um mês, mês e meio na cidade alta onde terão que jogar. Inviável.

Lembrando: os jogadores de Quito (2.800 mets) jogam em Guayaquil (nivel do mar) a 28/30 graus. Os Bogotanos (2,600 mts.) jogam em Barranquilla ou Sta. Martha, no Caribe, a 35/40 graus, sem problema. O mesmo, os bolivianos: Santa Cruz de la Sierra, não tem nada de Sierra e faz um calor do cão amazonense naquela cidade!!! Repito: sou a favor da proibição. Tem mais: os cariocos (45 graus) não jogariam em Caxias a 0 graus, com neve e tudo. Frio/calor é uma coisa, altitude, é outra, beeeem diferente.

Ana Paula Pietroluongo - CRP 01/10839 disse...

eu sou a favor da proibição! Jogar em condições tão adversas pode trazer problemas de saúde para os jogadores. Não vejo sentido nisso!
8)

Anônimo disse...

Realmente, à primeira vista (ou seria à primeira respirada?), o impacto da altitude parece pior que o do calor, mas estão esquecendo o fator "esforço físico prolongado"...
Na altitude a única coisa que falta é o combustível (oxigênio), se você tentar fazer a mesma coisa que faz ao nível do mar, realmente vai faltar combustível e você vai "tontear". Seus batimentos cardíacos subirão muito e você terá uma dor de cabeça filha da mãe! A solução? Simples, se poupe! Seu time provavelmente vai tomar uma balaiada, mas você sairá inteiro! E falo por experência: 18 brasileiros, revezando direto, conseguimos empatar em 7 x 7 contra 6 bolivianos barrigudinhos... Todo mundo sentiu alguma coisa, mas ninguém passou mal. Agora jogar futebol em "alto nível" (que trocadalho, heim?!), esquece! Da mesma forma que não dá prá jogar em alto nível debaixo de chuva forte, neve e, principalmente, calor!
E para mim o calor é pior! Não adianta dar uma paradinha, o Sol na moleira não perdoa! Depois de meia hora você já perdeu água o suficiente prá começar um processo de desidratação, e até o final do jogo os sais e outros elementos químicos que ficarão desbalanceados no seu corpo por causa dessa desidratação farão uma bela moagem de ti, com cãibras e dores musculares e de cabeça maravilhosas! Fora possíveis queimaduras...
Por tudo isso, acho bobagem proibir o futebol nas alturas, o risco lá não é maior que o risco cá, só diferente.

Stella Maris Bortolotti disse...

Sou contra a proibição, pois os jogadores devem estar preparados para essas adversidades. Quem é jogador deve saber que poderá participar de competições que aconteçam com as mais diversas temperaturas e altitude diferente. Mas, deixo claro que não entendo muito bem do assunto.

Anônimo disse...

Sil,

difícil opinar a respeito de altitude, pois o máximo que experimentei de alturas(fora avião, é claro) foi o dia que minha niña Mariana nasceu. Esse dia(o mais feliz da minha vida) fui e voltei aos céus algumas vezes...hehe
Bem, sou flamenguista e sou contra a decisão. Pra que tirar a emoção, por exemplo, como foi essa última partida do Mengo na Libertadores? Afinal, alguém morreu ou teve parada respiratória ou um mísero AVC?
Bobagem...Basta planejamento, só isso... E espero que o Fluminense pegue um time numa cidade ainda mais alta(se for possível né)... hehehe

No entanto, achei esse texto do comentarista Paulo Calçade(ESPN Brasil) interessante.
Mais um pra apimentar a discussão.


"31/05/2007
Fifa x Altitude
Postado por Paulo Calçade às 11h04

Essa é polêmica. A Fifa proibiu jogos internacionais em altitudes acima de 2.500.

Como diz o professor Valdir Barbanti, da Escola de Educação Física e Esporte (USP), a altitude não faz mal. O problema é a falta de adaptação.

A altitude não faz mal porque muita gente vive em regiões acima de 2.500 metros. E sem problemas. A questão é que o calendário do futebol não oferece espaço para essas adaptações.

A pressão do ar é cerca de um quarto menor a 2.500 metros de altitude. Ela provoca uma pressão menor do oxigênio na região dos alvéolos pulmonares e diminui a saturação do sangue arterial, que leva a uma redução da capacidade de desempenho, de resistência. E mais: essa pressão menor interfere na capacidade funcional do sistema nervoso central.

O professor alemão Jürgen Weineck, autor do livro “Biologia do Esporte” (Editora Manole, 2000) explica que, nessas altitudes, ocorre diminuição da capacidade de pensamento analítico, além de alterações da personalidade afetivo-social e diminuição da capacidade de reação (geralmente chamado de reflexo do jogador, apesar do termo ser incorreto).

Esse tema é complexo. Ainda precisamos discutir jogos sob calor ou frio intensos?

Essa é polêmica. A Fifa proibiu jogos internacionais em altitudes acima de 2.500.

Como diz o professor Valdir Barbanti, da Escola de Educação Física e Esporte (USP), a altitude não faz mal. O problema é a falta de adaptação.

A altitude não faz mal porque muita gente vive em regiões acima de 2.500 metros. E sem problemas. A questão é que o calendário do futebol não oferece espaço para essas adaptações.

A pressão do ar é cerca de um quarto menor a 2.500 metros de altitude. Ela provoca uma pressão menor do oxigênio na região dos alvéolos pulmonares e diminui a saturação do sangue arterial, que leva a uma redução da capacidade de desempenho, de resistência. E mais: essa pressão menor interfere na capacidade funcional do sistema nervoso central.

O professor alemão Jürgen Weineck, autor do livro “Biologia do Esporte” (Editora Manole, 2000) explica que, nessas altitudes, ocorre diminuição da capacidade de pensamento analítico, além de alterações da personalidade afetivo-social e diminuição da capacidade de reação (geralmente chamado de reflexo do jogador, apesar do termo ser incorreto).

Esse tema é complexo. Ainda precisamos discutir jogos sob calor ou frio intensos?"

No mais, abraços pra vocês e até a próxima.
Obs: Bota um limitador de caracteres aqui, se não, isso vira uma monografia..hehe