quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

MOAI ou TOAI? - Capítulo 1

Por Rui Samarcos Lora

Viajar de férias nem sempre é uma tarefa fácil. É necessário muito planejamento, poupar e planejar gastos, contar com a paciência, com o tempo, prever acidentes e estar preparado para qualquer tipo de problema. No meu caso, isso já é uma rotina, pois nasci com uma espécie de “dom”, que aqui vou chamar de TOAI - tendência para ocorrência de acontecimentos inusitados. Parece que minha vida faz parte de um roteiro de filme de cinema e nem sempre é de comédia, talvez seja por essa razão que meu apelido seja Forest Gump.

Pois bem, desta vez, decidi tirar férias e ir conhecer a famosa Ilha de Páscoa, Rapa Nui, como dizem os nativos de lá. A escolha se baseia na minha vontade de fugir um pouco do caos da cidade, das pessoas, das preocupações, dos problemas, queria relaxar, descansar minha cabeça, ouvir os pássaros, ficar longe do telefone e da televisão. Assim, fui rumo à Ilha que fica a cinco horas de avião da cidade de Santiago do Chile. Realmente, queria me isolar.

Ao chegar em Rapa Nui me deslumbrei com tudo, digo, com nada, pois não há nada na Ilha além de muita água e de centenas de cabeças de pedra, chamadas de MOAIS. Estava com o dinheiro contato para uma semana, mas quando percebi que tudo na Ilha era três ou quatro vezes mais caro do que no Chile, cheguei a conclusão que eu tinha de seguir o conselho de um senhor que encontrei no aeroporto: deixar as unhas crescer. Segundo ele, com as unhas grandes, teríamos o que comer e como poupar dinheiro, ou seja, comeríamos unhas lá!

Viajar sozinho é um problema, pois não nos sentimos seguros para fazer muitas coisas, explorar lugares desconhecidos, conhecer pessoas novas ou até mesmo ir a praia. No caso da praia menciono porque pessoas como eu que costumam levar protetor solar, barraca, computador, câmera fotográfica, lanchinho, caneta, bloco de anotação, amuleto da sorte, lapiseira com borracha na ponta e até revista em quadrinhos, não tem com quem deixar as coisas antes de dar um mergulho no mar. De toda forma, o meu problema dessa vez não foi com as coisas em si, porque eu não queria tomar banho. Na verdade, tive problemas em tirar foto comigo mesmo, ou seja, eu tirava fotos mas não aparecia nelas, porque não tinha quem tirar pra mim. Muitas vezes tinha de equilibrar a câmera em uma pedra completamente torta, sair correndo para o local e torcer para sair centralizado na foto, com a paisagem e ereto, sem ter de me curvar para caber na foto, por conta da pedra que nem sempre está na altura de um ser humano.

O bom é que não precisamos mais de revelar as fotos, pois o que mais tenho no computador são fotos tronchas, tortas, faltando minha cabeça, desfocada, fotos do meu tênis, com partes do meu corpo e do céu (o céu aparece quando a máquina cai no chão. Depois de 15 a 20 fotos assim, consegui encontrar um casal chileno muito simpático que procurei rapidamente fazer amizade.

Eu tenho várias teorias, uma delas é sobre amizade. Creio que a amizade nada mais é do que uma troca de favores. Ficamos amigo das pessoas porque temos interesses e necessidades, é como aquela história “uma mão lava a outra”, geralmente contada pelas avós. Bom, eu fiz minha amizade e consegui o que queria, fotógrafos profissionais para tirar minhas fotos. Eram profissionais mesmo! A garota, Vivian, trabalhava como fotógrafa de um museu em Santiago, e seu namorado, Germán, era advogado. Sem dúvida alguma, se tornaram grandes amigos que não me esquecerei facilmente.


Continua amanhã...

Nenhum comentário: