sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

MOAI ou TOAI? - Capítulo 2

Por Rui Samarcos Lora

Agora sim, depois de muitas fotos bem tiradas, verdadeiras capas de revista, tive uma “brilhante” idéia: tirar foto do amanhecer na Ilha de Páscoa. Precisamente na frente do Ahu Tongariki, uma plataforma com 15 cabeças de mais de 10 metros de altura. Como o sol sai por trás das cabeças no amanhecer, a foto seria formidável, sem contar que o visual do local é fantástico. Para isso seria necessário alugar um carro, pois a plataforma estava a 30 minutos de carro do povoado de onde estava hospedado, Hanga Roa.

Isso não era problema, já tinha ficado três dias sem almoço e comi pouco no jantar. Havia dinheiro para alugar um carro por 24 horas, tempo necessário para pegar o carro a noite, acordar, ir para Tongariki, tirar a foto, aproveitar o carro e devolvê-lo. Claro, isso se eu tivesse um carma como o de todo mundo. Então, aluguei um Jipe chamado Jimny, ano 1999, o carro estava um pouco acabado, mas era o que o dinheiro dava. Combinamos de nos encontrar no outro dia, às 06:30h da manhã para assistir e fotografar o sol.

Como estava com o carro, resolvi aproveitar para ir em um show típico Rapa Nui, de um grupo chamado Matato’a. Como todo jovem, quis ir de carro para causar uma impressão. As turistas me veriam de carro e logo pensariam: “nossa, ele conhece bem a Ilha, está de carro, talvez poderíamos nos aproximar dele”. Rapidamente teria de duas a quatro garotas comigo na Ilha, teria resolvido o problema da solidão em grande estilo. Realmente isso aconteceria se fosse com outra pessoa, não comigo.

Eu não estava totalmente enganado. Causei uma certa impressão ao chegar no show falhando a marcha do Jipe e isso fez com que uma senhora se aproximasse de mim, o detalhe é que ela tinha quase o dobro da minha idade e já tinha netos. Era uma israelense, que tinha feito amizade comigo no aeroporto, antes de chegar na Ilha. Ela ficou muito impressionada pelo fato de estar de carro, especialmente porque era um modelo velho e pelo fato de eu estar arranhado a marcha. Ela não se importou muito porque queria me apresentar alguém. Logo pensei: “é a neta dela!”. Claro que não, era a amiga dela, da mesma idade, que também tinha vindo de Israel. Sentei, relaxei e aproveitei a companhia.

Depois do show, que por sinal é muito bom, elas me convidaram para tomar um drink em um bar típico da Ilha. Sem pensar duas vezes topei, mesmo sabendo que teria de acordar cedo no outro dia para ver o sol nascer. Tudo daria certo se eu não tivesse o apelido de Forest Gump, se coisas inusitadas não acontecessem comigo. Quando corri para dar partida no meu Jimny ele não quis ligar. Disse a elas que teria um problema e que me esperassem no bar, pois poderia demorar.

Voltei ao local do show e pedi ajuda ao pessoal que alí ainda estavam comemorando alguma coisa que não sei bem o que era. Afinal, para os nativos da Ilha tudo é motivo para se comemorar. Eles primeiramente me disseram que eu merecia ter ficado com o carro sem bateria, pois não tinha responsabilidade e havia deixado os faróis acessos. Puxa! Eu nem sabia disso, nem me atentei para o fato de desligar os faróis. O bom foi que depois de terminarem a cerveja deles começaram a empurrar meu carro, me senti um pouco constrangido ao ver a banda empurrar meu carro, mas como tive de esperar até a cerveja deles acabar, não fiquei preocupado, nem se lembrariam do ocorrido no outro dia.


Continua amanhã

Um comentário:

:) disse...

adorando a história '-'


mega anciosa pra saber como vai terminar !


beijo :D