Tivemos muita sorte na estrada, pois ficamos paradas por, no máximo, uma hora e meia ou duas horas, creio eu, por conta da greve dos mineiros (acima, fotos dos veículos parados na estrada). Assim que prosseguimos a viagem, fiquei dividida entre tirar um cochilo ou ficar olhando a paisagem pela janela. Na verdade, com o passar do tempo, vi que essa dúvida não era assim tão atroz porque conseguia fazer "mini-siestas" de uns dois minutos, no máximo. O soroche leve não me deixava ter um sono mais longo e a respiração estava difícil...no princípio, a sensação que me dá é de alguma aflição. Há pessoas que se afogam com excesso de água, eu sinto que começo a me afogar na escassez de oxigênio: estranha contradição!
Quando vem isso, costumo ficar o mais quieta possível e dizer para mim mesmo várias vezes: "Calma, respira suavecito, suavecito..." . Pena que eu estava sem folhas de coca para mascar, isso me ajuda muito. Pelo menos, trazia sempre em minha bolsa o mentol chino* para passar no nariz, que já aliviava um pouco. Em alguns ônibus, as rodomoças fornecem a quem quiser pequenos pedaços de algodão embebidos em álcool, coisa que também pode ajudar.
Na estrada paramos a quase quatro mil metros. Para meu espanto, depois, a estrada só ia subindo mais, subindo mais...pensava: "Meu Deus, onde vamos parar assim? No céu, pra te visitar?". Lembro-me que, em certo momento, perguntei ao taxista a altitude de onde estávamos, já desconfiada da resposta. Era o que eu temia: estávamos a quase 5000 metros! O mais alto que eu já havia chegado antes era no aeroporto de La Paz, na Bolívia, que fica na cidade-bairro de El Alto (4000 metros de altitude), onde desembarquei com a sensação de ter tomado um monte de caipirinhas. Imaginem então como eu estava ali nas proximidades de Tríclio, no Peru...acho que o ar rarefeito dá barato!
Grandes altitudes, sol forte e vento gelado
Outro dia, um amigo meu do Rio de Janeiro comentou que os lugares na Terra com grandes altitudes são os melhores para se fazer meditação. Começo a acreditar nessa afirmação, pois nosso organismo funciona de maneira bem diferente naquelas montanhas enormes. Você, mesmo que não queira, começa a funcionar num ritmo bem mais lento por conta do ar rarefeito. O metabolismo se altera. E naquela região, além das alturas, a estranha combinação de sol forte e temperatura baixa, vento gelado, já requer de você um certo cuidado.
Mesmo assim, recomendo a quem nunca foi que experimente um dia (ou melhor, vários dias) conhecer as cordilheiras ou, pelo menos, passar por elas**. O sofrimento vale a pena. As paisagens são lindíssimas, as fotos ou vídeos não conseguem retratar com fidelidade a beleza do lugar. Dá vontade mesmo de chegar ao cume de uma daquelas super montanhas para meditar.
Mesmo assim, recomendo a quem nunca foi que experimente um dia (ou melhor, vários dias) conhecer as cordilheiras ou, pelo menos, passar por elas**. O sofrimento vale a pena. As paisagens são lindíssimas, as fotos ou vídeos não conseguem retratar com fidelidade a beleza do lugar. Dá vontade mesmo de chegar ao cume de uma daquelas super montanhas para meditar.
* Mentol Chino é uma espécie de "Vick Vaporub" chinês. A gente costuma encontrar esse produto em algumas lojas orientais.
** Recomendo a quem pretende ir pela primeira vez às cordilheiras, ou à Serra, como chamam os peruanos, que antes procure um médico para checar seu aparelho respiratório, por segurança. Aqui em casa, curiosamente, Humberto é asmático e eu tenho um troço chamado "Distúrbio Ventilatório leve" ou coisa parecida (o nome da coisa é longo, falta mais um termo aí que nunca lembro). A grosso modo, seria algo mais suave que a asma. Porém, dois anos atrás, Humberto conseguiu lidar melhor com a altitude do que eu...Isso para vocês terem idéia de como cada organismo reage diferente lá...
Crédito da foto: http://oferta.deremate.cl/id=18467506_envase-mentol-chino
Um comentário:
Esse teu amigo do Rio de Janeiro já fez meditação nas montanhas, não é?
PS: esse blog tá muito bom! A gente viaja um pouco junto com você!!!
rsrs! E fica ligado pra não entrar em fria!
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