Ontem recebi, via email, o comunicado de falecimento do Prof. Fernando Bastos, da Faculdade de Comunicação da UnB. Ele estava doente há algum tempo, confesso que já esperava, infelizmente, por essa notícia para breve, mas é inevitável: a gente fica triste e relembrando os bons momentos passados juntos.Eu e alguns colegas tivemos o privilégio de ter, no semestre passado, aula com ele e o Prof. Sérgio Porto, de "Filosofia da Comunicação: Hermenêutica e Análise de Discurso" lá na Pós. Foram momentos muito especiais, tanto pelo aprendizado em si, como pelo reencontro, pois tive aula com os dois na graduação, há muuuuuitos anos atrás.
Agora mesmo estava lembrando do que o Prof. Fernando me falou numa tarde do semestre passado, numa conversa regada a Iogurte do “Sobrenatural”, como era apelidada por ele a agradável lanchonete natural ali ao lado da Comunicação onde, no intervalo das reuniões da nossa vespertina “Academia Neoplatônica de Florença”, como dizia ele (e também dizíamos nós), costumávamos nos reunir. Ele me comentou que o homem é muito cheio de privações, de amarras. E que o padrão acaba “matando” as pessoas. Dar vez e voz à nossa “arena dos conflitos” interior, tentando buscar ao mesmo tempo o equilíbrio é um ato de resistência muito sofrido, doloroso, mas ao mesmo tempo fascinante e belo.
Ele tinha a coragem de ser ele mesmo. E amava estar conosco. Havia dias em que percebíamos que ele não estava bem, mas mesmo assim, naquela encantadora teimosia, insistia em estar com a gente. Parecia até que, por alguns momentos, seu estado geral de saúde melhorava, tal o amor que tinha pelo seu ofício, apesar dos pesares. Foi expulso da universidade no período da ditadura, mas voltou. Já estava há anos aposentado pela UnB, mas continuava ali, firme em seus ideais, soprando sementes para todos os lados.
Fica aqui minha humilde homenagem ao Prof. Fernando, ou melhor, ao Fernando, como ele preferia ser chamado...Fernando, tenha a certeza que suas sementes estão brotando em profusão! Para meu consolo, tenho uma sensação ao mesmo tempo forte, serena e agradável que você continua a soprá-las em outro lugar por aí...onde a gente vai se reencontrar algum dia!
Foto extraída de: idealiapolaris.blogspot.com/2007/11/terra.html
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